Marcada é um livro do gênero romance paranormal, escrito por P.C.Cast e Kristin Cast, publicado no Brasil pela editora Novo Século.
A trama parte de uma premissa interessante, um tanto quanto original envolvendo um ser mitológico bastante abordado na literatura fantástica como o vampiro. Em marcada a pessoa é iniciada no mundo vampírico através de uma marca representada por uma lua crescente azul-safira, e se passar pelas mudanças, transforma-se em um vampiro adulto adquirindo adornos em sua marca. Tal adição diferencia um novato de um vampiro já formado, acrescenta-se a isso sede por sangue e outros detalhes. Além dessa forma de transformação inovadora, há também mitologia envolvendo a Deusa grega Nyx, a personificação da noite, informações sobre ela provém da Teogonia de Hesíodo. Vale ressaltar que ao longo do livro a sociedade da Morada da Noite – algo parecido como uma escola para novatos aprenderem sobre sua transformação e sobrevivência – é bem matriarcal, a maioria dos vampiros que a Deusa Nyx atribui dons especiais, como o controle dos elementos, são mulheres. Bem como cargos de direção de outras “escolas”, cuja denominação é Grande Sacerdotisa, posição de grande respeito.
Há também uma subtrama relacionada a personagem principal, a Nação Cherokee, povo nativo com raiz matriarcal com profundo respeito pela Mãe Terra e todos os seres vivos. Os clãs provinham das mulheres, são consideradas grandes sábias, e assim, as tribos cherokees são guiadas por elas. O foco no feminino não é nenhuma novidade para os leitores das autoras, outros trabalhos indivíduas delas também possuem essa característica, como na série Goddess, da P. C. Cast.
Do poema de Hesíodo para Nyx, a personificação da Noite na mitologia grega: “Lá também fica a sombria morada da noite; nuvens apavorantes a envolvem na escuridão. Em frente a ela, Atlas permanece ereto e sobre sua cabeça e braços incansáveis sustenta com firmeza o amplo céu, onde Noite e Dia cruzam uma soleira de bronze e então, se aproximam e se saúdam." (Hesíodo, Teogonia Texto retirado do livro Marcada).
A personagem principal chama-se Zoey, e aos 16 anos é marcada e convocada para morar na Morada da Noite, iniciando imediatamente as mudanças de um novato para um vampiro adulto. Com isso terá que deixar amigos e familiares para trás. Zoey – como a maioria das personagens de romance paranormal – não aceita muito bem sua transformação e consequentemente a mudança drástica de sua vida. Além de uma mudança abrupta, Zoey não tem uma transformação convencional como todos, em vez disso, ultrapassou todos os percursos da transformação, convertendo-se em um vampiro adulto logo em seguida. A partir desses acontecimentos, Zoey Redbird começa sua busca por respostas a respeito da Deusa Nyx, o motivo dela ter concedido tais dons para uma novata como ela e como se habituar ao novo mundo em que foi inserida.
A história é narrada em primeira pessoa, descritiva na medida certa, fluida e um pouco instigante por nos ambientar a premissa do livro. As autoras utilizaram de uma linguagem coloquial com diálogos em sua maioria curtos, o que ajuda em uma leitura rápida, assim como bastante referenciada ao mundo pop. Algo que me incomodou enquanto lia foi o uso excessivo da palavra hello, sempre que a personagem principal queria chamar a atenção do leitor, utilizava essa saudação.
Devo dizer que as autoras conseguiram criar personagens com personalidades distintas, apesar de estereotipados e por não ter desenvolvido ao decorrer do livro, deixou um pouco superficial. Leia com ironia, por favor: Temos o Damien, o grande nerd, Erin e Shaunee, as patricinhas, Stevie rae, a country, Erik, o gostosão popular, Aprhodite, a megera, Heath, o jogador gato e Zoey a nossa personagem principal, sendo a diferentona. Calma! Eles não são tão ruins assim... Aliás, Aprhodite foi a personagem que eu mais gostei, talvez tenha sido a única, e acredito que razão disso tenha sido a construção dela ao longo do livro que só evoluía e era possível observar as camadas construídas na personagem, deixando claro que ela não era apenas o que deixava transparecer. Zoey foi uma narradora difícil de acompanhar, era muito imprudente e chata, nenhuma ação dela condizia com o que ela falava e pensava.
“[...] você ainda é você. Não importa que tenha sido marcada. Não importa que esteja passando pela Transformação. Por dentro, seu espírito ainda é o seu espírito.” (CAST, P. ; CAST, K. 2017, p. 199-200).
A encadernação do livro é a padrão do Brasil, mais conhecido como capa e comum com folhas brancas um pouco frágeis, já a capa do meu exemplar é igual à americana, a última edição que a novo século publicou em comemoração aos dez anos da serie. Como se trata do primeiro de uma serie de 12 livros, o enredo não é totalmente jogado. O livro como um todo é introdutório, em pouco mais de 270 páginas somos introduzidos as mitologias presentes no livro, assim como aos personagens e suas subtramas. Então, espero que os próximos tenham mais respostas sobre tudo que foi apresentado na primeira parcela da série House Of Night.
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