quinta-feira, 12 de novembro de 2020
BELEZA CRUEL | ROSAMUND HODGE
Beleza Cruel foi um livro que guardei por quase um ano para ler devido às altas expectativas que eu tinha, e felizmente não me arrependo. Foi uma leitura mais que agradável. Já fazia um tempo que eu buscava livros inspirados em clássicos, e Rosamund Hodge claramente se inspirou em A Bela e a Fera, entretanto, com um toque bem mais sombrio e muito mais interessante que o original. Sua inspiração vai do pai que faz um acordo pela filha, até a rosa em uma cúpula – embora não seja significativa para a história –, mas fora esses elementos, a autora criou um ambiente totalmente original.
A história vai estar ambientada em uma ilha chamada Arcádia, que no passado fazia parte do império greco-romano, mas tudo mudou quando o Lorde Gentil matou o nono rei da província e antes do filho do rei subir ao trono, o Lorde se apoderou da ilha. E desde então passou a cobrar tributos em favor de proteção contra demônios e negociações magicas em troca de seus interesses – e digamos que o custo e benefício nem sempre era bom.
“– Se há uma coisa que eu aprendi como Senhor dos Acordos, é que saber a verdade não é sempre uma boa coisa.” (HODGE, Rosamund. Beleza Cruel, p. 170).
Nyx Triskelion é a personagem principal, que após seu pai fazer um trato com Ignifex (aka Lorde Gentil/Senhor dos Acordos) terá que se casar com ele ao completar dezessete anos, como pagamento pelo acordo. Mas, apesar de tanto o pai quanto sua tia e irmã sempre retratarem ela como uma heroína pelo seu sacrifício pelo povo – como se fosse sua escolha –, porque assim quando se casar terá uma oportunidade de acabar com o príncipe dos demônios e blá-blá-blá. Todavia, Nyx odeia que tenha sido a escolhida pelo seu pai entre ela e sua irmã, também odeia que sua irmã não demostre tristeza por sua situação, e por sua tia não se importar nenhum pouco com ela. E esse sentimento é diversamente demostrado ao leitor ao longo da leitura, e eu simplesmente amei, A.M.E.I, porque é diferente das personagens de outros livros, que diferentemente de Nyx, sentem-se feliz em si sacrificar diante de suas missões. E no decorrer da leitura eu só sentia mais pena por ela, porque a única coisa que ela queria era se sentir especial para alguém, só queria ser amada.
“[...] Na minha família, o amor só tinha resultado em crueldade e tristeza e, mesmo assim, continuava sendo oferecido.” (HODGE, Rosamund. Beleza Cruel, p. 41).
O livro é divido em dois ambientes, no primeiro momento o enredo vai ser ambientado na ilha Arcádia, no qual foi muito superficial e rápido. No segundo momento todas as interações dos personagens foram em um Castelo e foi bem diferente e interessante, já que se familiarizar com o ambiente era super necessário para Nyx alcançar os objetivos de sua missão. Enquanto no clássico os objetos tinham vidas, em Beleza Cruel é o próprio Castelo que está vivo. Dessa forma acompanhamos o desenvolvimento da relação tanto da Nyx com Ignifex, quanto de Nyx com o Castelo. E apesar de se tratar de um livro único a autora desenvolveu lentamente ambos relacionamentos, assim conhecemos os personagens de uma maneira detalhada.
Assim que Nyx passa a acompanhar a vida do Lorde Gentil, ela recebe uma série de obstáculos que desafiam sua permanecia no castelo e o objetivo de seu acordo, e esses elementos tornam a leitura mais instigante e menos monótona apesar de acompanharmos o cotidiano das personagens principais.
Por fim, Beleza cruel alcançou todos os seus propósitos em minha opinião. É um livro único completo, com começo, meio e fim sem final aberto, apesar de merecer mais algumas páginas. É uma reconto com um lado mais sombrio da história original, mas mantendo algumas características do clássico. E se você é fã de relacionamentos com uma construção lenta e minuciosa, esse é um ótimo livro. Fiquei muito feliz e satisfeita ao finalizar a leitura e com certeza merece uma releitura em alguns anos.
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