terça-feira, 29 de setembro de 2020
O CONTO DA AIA | MARGARET ATWOOD
Margaret Atwood é uma autora e ativista ambiental canadense, nascida em Ottawa, Ontário, em 1939. Sua carreira como escritora começou em 1961 com a publicação de seu livro de poemas intitulado Double Perséfone. Em 1969, publicou seu primeiro romance, The Comible Woman, relevando seu talento para a criação de personagens femininas fortes e em conflitos existenciais; em geral, discordam do mundo em que vivem, apesar de inicialmente sozinhas, elas tendem a achar apoio em amigos e confidentes ou demonstram confiança em si mesmas.
O Conto da Aia, The Handmaid’s Tale em inglês, a obra mais conhecida de Margaret Atwood, foi publicada em 1985, logo após o romance também distópico de George Orwell, 1984. O livro que deu origem à série televisiva homônima, é uma distopia sobre o mundo após uma revolução teocrática radical que transforma os Estados Unidos da América em Gilead, onde, visando solucionar uma crise de natalidade e instaurar uma sociedade livre dos "pecados" da modernidade, adere a ideais machistas que permitem práticas abusivas como o estupro e impedem as mulheres a ter acesso à leitura e escrita.
Pode-se dizer que o enredo foi baseado na Revolução Islâmica, por ser contemporânea, e em trechos bíblicos, na questão da submissão da mulher ao homem. A protagonista, Offred, nome que faz referência ao comandante da casa em que habita, tem sua trajetória narrada por memórias do passado em meio a solidão do conflituoso presente e o desejo de liberdade no futuro. Offred mantém a chama de esperança acesa (vide arte da capa) no meio de tantas injustiças, como ter todos seus passos vigiados e pelas mulheres que ocupam cargos mais degradantes nessa sociedade, as homossexuais ou inférteis que foram assassinadas ou mandadas para o trabalho escravo em áreas radioativas; e pela descoberta de uma sociedade ilegal que une hierarquias diferentes de mulheres descontentes com sua situação.
Essa distopia, sem dúvida, nos leva a muitos questionamentos como mulheres e seres humanos. Acredito que, após essa leitura, a relação entre religião e política ficou mais aparente, principalmente no contexto bipolarizado em que nos encontramos no Brasil e no mundo. Eu, particularmente, considero que seja feita uma leitura crítica e não por entretenimento, mas confesso que houve momentos que não tive forças para prosseguir por me tentar me “encaixar” em algumas situações. Sem dúvida, com o sofrimento e as desilusões das personagens, alguns reencontros e saber que havia uma resistência foi o que me amparou até o desfecho cortante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário