sábado, 5 de setembro de 2020
JORNADA LITERÁRIA T01E01 - Laryssa Coutinho | FILHA DA FLORESTA, JULIET MARILLIER
Eu sou Laryssa, tenho 20 anos, curso o 5° semestre de Engenharia Metalúrgica na UFC e não leio só livros de Cálculo (hahaha). Minha primeira experiência literária espontânea foi aos 11 anos com o livro “O Ladrão de Raios" da Saga Percy Jackson e os Olimpianos (sim, até hoje espero meu sátiro), depois disso, embarquei nas mais diversas aventuras literárias. Meus gêneros preferidos são: ficção fantástica (principalmente as com temáticas mais medievais).
Fui convidada para falar sobre um livro marcante escrito por uma mulher. Escolhi o primeiro livro da Saga Sevenwaters, já que é uma das melhores sagas de fantasia medieval que li. Resolvi falar sobre essa saga pois além de escrito por uma mulher, as personagens principais são todas mulheres. Além disso, é muito difícil encontrar livros desse gênero escritos por mulheres com uma história rica e complexa sem ser voltado ao drama romântico. Enfim, vamos lá!
Filha da Floresta
Se você é fã de As Brumas de Avalon, certamente, irá se interessar pela Saga Sevenwaters (inicialmente uma trilogia, mas que atualmente conta com 6 volumes), da escritora Juliet Marillier. Nessa resenha, abordaremos o primeiro volume da saga: Filha da Floresta.
Ambientada nos místicos bosques da Irlanda durante um período de intenso conflito entre os antigos irlandeses e os bretões, causado pela invasão bretã à duas ilhas sagradas irlandesas. Apesar dos constantes conflitos, o domínio de Sevenwaters é um lugar remoto e pacífico protegido por grandes guerreiros e criaturas encantadas que habitam a floresta que rodeia o local.
É nesse contexto que conhecemos Sorcha e seus irmãos: Liam, Diardmid, Cormack, Conor, Finbar e Padriac. Ela é a sétima filha de um sétimo filho, seu nascimento foi marcado pela morte da mãe e pela quebra da expectativa de que Lorde Colum teria um filho dotado de capacidades mágicas e profunda ligação com os seres que habitam a floresta (para os celtas apenas o sétimo filho, quando homem, tem tais capacidades). Entretanto, desde cedo ela se mostra uma criança mágica, tendo a capacidade de conversar com os faes e falar mentalmente com alguns dos seus irmãos.
Devido à morte da esposa, Lorde Colum isolou-se dos filhos e passou a viver em função das batalhas contra os bretões. Logo o relacionamento com os filhos se tornou frio e distante. Porém, eles minimizam a ausência do pai com um poderoso amor fraternal.
Com o afastamento do pai, Sorcha foi criada pelos seus carinhosos e superprotetores irmãos. Em seus doze anos de vida, ela aprendeu sobre vários assuntos e em especial sobre os diversos usos de ervas e plantas medicinais. Logo, ela se torna a curandeira de Sevenwaters e, assim, ganha a estima dos camponeses. A sua vida pacata começa a mudar quando ela e seu irmão preferido (Finbar) secretamente resgatam Simon, um jovem bretão, das masmorras do castelo onde estava sendo torturado.
O jovem é acolhido pelo padre de Sevenwaters em um local calmo na floresta, porém, devido ao seu estado grave, Sorcha é requisitada para ajuda-lo. É nesse momento que a menina passa a refletir sobre o conflito entre os dois povos. Entretanto, quando seu pai retorna, Sorcha é forçada a voltar para casa precipitadamente.
Então, ela se depara com a grande antagonista do primeiro livro: Lady Oonagh, noiva de Lorde Colum. Em primeiro momento, Lady Oonagh se mostra uma mulher digna para se tornar Senhora de Sevenwaters: bela, educada e recatada. Porém os irmãos com maior afinidade com a magia (Sorcha, Conor e Finbar) percebem rapidamente as tenebrosas pretensões da noiva do pai e suas naturezas míticas. Em pouco tempo os outros irmãos também percebem a ameaça devido a acontecimentos suspeitos.
É então que eles apelam para o pai desfazer o noivado, mas ele se nega. Percebendo que seus encantamentos não enganam os enteados, Lady Oonagh lança uma maldição sobre eles e somente Sorcha consegue escapar do trágico destino.
E, assim, o livro que inicia com uma lenta e bela narrativa se torna frenético e de tirar o fôlego. A escrita incrível de Juliet aflora e nos faz sofrer e sentir cada provação, desafio e sacrifício da jornada silenciosa e solitária de Sorcha para retirar a maldição dos irmãos ao mesmo tempo em que escapa das garras de Lady Oonagh.
Sorcha é, antes de tudo, uma garota forte. Fico até sem palavras para descrever o tamanho da força que reside dentro da protagonista. Durante esse livro ela se mostra corajosa e leal aos irmãos mesmo quando a maioria de nós, reles mortais, teria desistido e simplesmente salvado a própria vida. Em vários momentos, eu só gostaria de entrar na história para dar um abraço e falar palavras confortantes para ela.
E no meio disso tudo entra em cena um maravilhoso e honrado guerreiro que, aos poucos, conquista a confiança de Sorcha. Desculpem, o foco não é romance, mas eu não podia ficar sem falar de um dos homens que mais admirei nas minhas aventuras literárias: Lorde Hugh, vulgo Red. Em primeiro momento, devido informações de outro personagem, fiquei cautelosa quando descobri quem ele era. Mas, no decorrer da narrativa, Red me conquistou com seu caráter e suas atitudes.
Por fim, indico muito esse livro. Ele é um daqueles que te deixam de ressaca literária fortíssima, eu tive de respirar e processar tudo por umas horas antes de começar o segundo. Ele funciona como um livro solo e cada livro da série traz a história de um novo personagem (todos relacionados com os sete irmãos).
Nota: tenho que falar que esse livro contém uma cena fortíssima de abuso sexual. Foi a parte que mais doeu ler. Porém a autora buscou abordar o assunto de forma e tratar das consequências dele e, diferente do que ocorre em outras obras (cof GOT cof), não foi usado para empoderar a personagem ou fazer com que ela crescesse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário